Maio de 2015
Construção Latino-Americana
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OPINIÃO
desafios. Se o país mais rico domundo não
consegue dar conta de manter e renovar
sua infraestrutura, que se dirá de nós?,
perguntarão alguns.
É verdade que fazer transporte e
movimentação de cargas pesadas
e excepcionais é tarefa complexa,
burocratizada e de difícil operação em todo
o mundo. Requer elevados investimentos
em equipamentos e em capacitação demão
de obra, além de boa regulamentação e,
principalmente, de infraestrutura adequada
e em boas condições.
Mas, tão importante quanto, ou para
muitos atémais importante que tudo isso, é
uma economia pujante e que gere demanda
permanente, tornando possível uma justa
taxa de retorno sobre os investimentos.
Nós brasileiros sabemos o quão difícil
será 2015, na onda das crises política e
econômica, da operação Lava Jato e da
necessária reestruturação dos investimentos
nos setores de óleo e gás, siderúrgico,
automotivo e da construção civil.
Mas não é só isso. Com o aperto nas
contas do governo, já se sabe, vão faltar
recursos para aPolíciaRodoviáriaFederal, o
que vai resultar no aumento da dificuldade
para acompanhamentode cargas por PRF’s;
com a aceleraçãodoprograma de concessão
de rodovias (mais rodovias nas mãos de
empresas privadas), vão aumentar ainda
mais as dificuldades para transitar nas
rodovias concessionadas, e mais, já se sabe
que a ANTT estuda a criação de tarifas
para serviços prestados por concessionárias
de rodovias, o que reforça a sensação de
que 2015 não vai ser um ano de notícias
boas para o setor de transporte de cargas
especiais e de guindastes.
Esse cenário um tanto quanto pessimista
deve ser interpretado como sinal para
desânimo? Acho que não. Acho que deve
ser motivo para um chamamento à união,
à luta cada vezmais aguerrida em torno do
fortalecimentoda indústriade transportede
cargas pesadas e da locação de guindastes,
para mostrar quão estratégicos são esses
segmentos para o Brasil.
Acho que é motivo para deixarmos
bem claro que não há desenvolvimento,
crescimento vigorosodoPIB, do emprego e
da renda, nem desenvolvimento dos setores
de produção de energia, construção civil,
mineração e siderurgia, papel e celulose,
sem empresas de transporte saudáveis,
lucrativas e em condições de fazer os
investimentos necessários em renovação de
frota e capacitação demão de obra.
■
Transporte de cargas:
só é difícil no Brasil?
Osmuitos desafios do setor também existem nos países
desenvolvidos. Nem por isso devemos nos dar por vencidos.
Escrito por
Sindipesa
.
A
o ser perguntado sobre os grandes
desafios para o setor de transporte
de cargas pesadas nos Estados
Unidos, em entrevista para a edição de
fevereiro último da revista
American Cranes
andTransport (ACT)
, tambémpublicadapelo
KHL Group, Jay Folladori, vice-presidente
de transportes pesados da Landstar, uma
das maiores transportadoras americanas,
respondeu nessa ordem: dificuldade de
reposição de mão de obra (motorista,
operador de guindaste etc.) burocracia
e situação da infraestrutura rodoviária,
com destaque para a situação das pontes e
viadutos.
Isso parece familiar para você? Falta
ou baixa capacitação da mão de obra,
pouca rodovia, congestionamentos, pontes
com limitação de capacidade portante,
dificuldade para obtenção de AET,
demora e tempo excessivo para realizar o
transporte? Creio que sim! Devemos tomar
esse depoimento como um consolo para
os nossos problemas aqui no Brasil? Creio
que não!
A descrição dos problemas enfrentados
pelos transportadores americanos, no
entanto, reforça o tamanho dos nossos
João Batista Dominici é vice-presidente
executivo do Sindipesa.
Mão de obra, burocracia e
situação da infraestrutura
rodoviária são alguns dos
problemas enfrentados
pelo segmento de
transporte no Brasil.