Construction Latin America (PTG) - July/August 2013 - page 24

PAÍS EM FOCO
Construção Latino-Americana
Julho-Agosto de 2013
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ignora o fato de que o caminho natural
do desenvolvimento econômico é através
de salários mais altos com empresas que
ganham mais como resultado do aumento
de suas vendas, do que do aumento dos
preços. Dessa maneira, a economia toda
ganha. Em épocas de crise global, é essencial
aproveitar o tamanho do mercado brasileiro.
Apenas é necessário controlar que o tipo de
câmbio não permita que a tendência se
desvie em direção às importações.
A economia mundial continuará sua
tendência de queda. A América Latina,
importante compradora de máquinas e
equipamentos brasileiros, tem visto como
várias de suas economias estão entrando
em stand-by. No caso dos exportadores
de commodities, trata-se de um impacto
direto de um menor crescimento mundial.
A queda dos preços dos mesmos (mais que
a quantidade) tem gerado problemas nas
contas externas dos países, que também tem
sofrido o impacto da desaceleração brasileira.
Esse é o caso da Argentina, já que o Brasil
é seu principal mercado e, principalmente,
de produtos manufaturados. A retomada
do crescimento argentino depende muito
de como reaja o Brasil. Se a economia
brasileira cresce, o Brasil também venderá
mais equipamentos para a América Latina,
porque os países vizinhos serão beneficiados
pelo crescimento do gigante latino-
americano.
Como é possível observar na tabela
Participação de equipamentos importados
do Brasil (que incluem mais tipos de
equipamentos que os vistos pelo estudo da
O setor começou 2012 com otimismo,
pensando que as políticas de restrição
nacionais seriam revisadas, levando em
consideração a intensificação da crise
internacional. Havia certo consenso em
que o governo tinha exagerado com essas
exigentes políticas em 2011 e pensava-se
que seriam retomados os projetos do PAC,
com um retorno do investimento privado e
que 2012 registraria um acréscimo do PIB
nacional de pelo menos 4%.
Mas foi somente emmeados de 2012 que o
governo decidiu estimular a economia com
medidas que incluíam incentivos fiscais,
uma redução mais aguda nas taxas de juros e
a desvalorização da moeda. Apesar de serem
extremamente importantes, essas medidas
adotadas para estimular a economia foram
excessivamente tímidas. O Brasil cresceu
aproximadamente de 1,5% em 2012,
número muito menor que o esperado.
INVESTIMENTOS
Para que efetivamente haja uma recuperação,
o governo teria que tomar medidas
muito mais importantes que as que têm
tomado até o momento, principalmente
com uma retomada rápida das obras de
infraestrutura mais urgentes incluídas
no PAC II. Isso poderia conduzir a uma
recuperação econômica, com investimentos
em infraestrutura, gerando efeitos positivos
no setor de equipamentos de construção.
As “concessões PAC” são umpasso positivo,
porque seu objetivo é envolver o setor
privado no investimento em infraestrutura.
O problema com essas concessões é o
tempo exigido para estruturar as operações
de concessão e no tipo de trabalho que
exigem. O impacto será notado a partir do
final de 2013.
A redução da disponibilidade de recursos
públicos pode ser atribuída a uma queda
nas receitas, causada por um crescimento
menor. Uma recuperação no crescimento
econômico, como resultado de uma
política mais direta de investimentos em
infraestrutura, impactou positivamente nas
receitas fiscais. O nível da dívida pública
como proporção do PIB não apenas
se manteve sob controle, mas também
caiu, o que foi visto nos recentes anos
de crescimento econômico. As isenções
fiscais têm contribuído para evitar uma
desaceleração econômica maior, mas têm
pouca eficácia como instrumentos para
criar um crescimento renovado, que se
produz apenas com a retomada do
investimento privado. As isenções têm um
impacto positivo. Quando as empresas
estão dispostas a fazer novos investimentos,
os quais são feitos apenas quando há uma
possibilidade de crescimento no médio
prazo.
A desvalorização da moeda também foi
muito positiva, a pesar de que foi bastante
tímida. Inclusive, existe um risco real
de pressão inflacionária caso seja levada
em consideração a forma em que o setor
produtivo nacional está integrado com os
fornecedores estrangeiros. A desvalorização
terá um efeito muito positivo no médio e
longo prazo, incentivando a produção local
para substituir as importações. Isso elevará
o ingresso nacional, que é vital para o
crescimento econômico e, principalmente,
para um renovado crescimento da
construção civil.
CAMINHO NATURAL
A dificuldade estará no debate com os
economistas que se mostram a favor das
altas nas taxas de juros para evitar o risco
inflacionário. Eles adotam uma visão
com um estilo contador em relação ao
aumento salarial e alegam que a economia
não pode crescer. Essa maneira de olhar
PORCENTAGEM DE CRESCIMENTO ANUAL
2012
2013
2014
2015
Infraestrutura
-17,1
12,5
15,7
8,2
Construção Civil
-22,5
10,9
18,1
8,4
Mineração
-19
11,7
13,5
6,7
Agricultura
1,3
12,2
9,4
8,2
TOTAL
-18,6
11,8
15,9
8,1
Para alcançar uma recuperação, o governo
tem que tomar medidas mais drásticas.
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